sexta-feira, 17 de junho de 2016

Que tal utilizar alimentos para tingir as roupas?

Fonte: EcoD

Tintas naturais


As tintas naturais podem ser extraídas de fontes animais, vegetais e minerais
Foto: Reprodução

Tintas naturais são aquelas que ao invés de serem feitas de produtos químicos, são extraídas de elementos da natureza, ou seja, a partir de compostos orgânicos feitos com moléculas que contêm carbono combinado com hidrogênio e, muitas vezes, com oxigênio ou nitrogênio. E, como as demais, são compostas basicamente por pigmentos e aglutinantes, possuindo características de opacidade ou transparência.

Elas podem ser feitas a partir de nozes, cascas, raízes, frutas, pétalas, aparas de madeira, folhas, partes de flores e plantas inteiras, insetos, terra, entre outros. As plantas são capazes de fornecer mais de 500 cores. Qualquer tipo de terra pode ser usado para fazer tinta, a escolha vai depender da cor e do efeito que se busca.
Os usos e aplicações dos corantes naturais são os mais diversos. É possível tingir tecidos, papel, couro, alimentos e cosméticos.

Mas nem todos os corantes que vêm das plantas estão livres de toxinas. Isso porque muitos precisam de aglutinantes, substâncias que ajudam na fixação, como o ferro, estanho, cromo, sulfato de cobre e ácido tânico, que são venenosas. No entanto, é possível também utilizar aglutinantes naturais, como a gema e a clara de ovo, suco de alho, goma da babosa e polvilho.

O tingimento em tecidos muitas vezes chega a ser mais tóxico do que a própria produção de fibras ou têxteis. Por esse motivo, designers e confecções começam a se preocupar com toda a cadeia produtiva, retomando a técnica de tingimento natural.

Os usos e aplicações dos corantes naturais são os mais diversos. É possível tingir tecidos, papel, couro, alimentos e cosméticos.

A HISTÓRIA


Foto: Reprodução

As tintas naturais são utilizadas pela humanidade há mais de 5.000 anos, com o começo ainda na era neolítica. Corantes derivados da planta Isatis tinctoria (woad) vieram mais tarde, durante a Idade do Bronze. Os egípcios introduziram raiz de açafrão, cúrcuma e índigo (extraído da planta Indigofera tinctoria, de coloração azul). No final de 1700, os italianos começaram a substituir os corantes naturais por produtos químicos.

DICAS

• Recolha apenas uma pequena parte de cada planta de um mesmo local, evitando que ela se esgote e permitindo que outros também possam colhê-la;

• Faça uma horta de plantas tintórias, para preservar a natureza;

• Coletar sementes é muito importante. Conserve-as embaladas em plástico em lugar fresco e seco ou em geladeira até a época do plantio.

A técnica entrou em desuso quando a indústria química criou o primeiro corante sintético em 1856. A descoberta foi do químico inglês Sir William Perkin. A partir daí, muitas pesquisas foram desenvolvidas e cada vez mais os corantes artificiais passaram a ocupar o lugar dos naturais. Em 1868, a Alizarina ganhou seu equivalente químico e em 1880 é a vez do azul índigo.

Na metade do século XX surge a tinta acrílica. Nos laboratórios, novas cores continuam a ser descobertas e criadas, como as tintas fosforescentes. Na década de 80 havia 3 milhões de cores disponíveis. Desde então, o homem vem utilizando indiscriminadamente estes corantes químicos para diversas finalidades.

Na década de 90, Estados Unidos, França e Inglaterra proíbem o uso de corantes químicos nas indústrias de alimentos e cosméticos.

BENEFÍCIOS


Foto: Reprodução

O uso de produtos naturais reduz a emissão de efluentes químicos - corantes sintéticos e produtos auxiliares nocivos - melhorando a qualidade de vida e atendendo a crescente demanda de produtos fabricados de acordo às normas e conceitos de preservação ambiental e responsabilidade social.

DURABILIDADE E CONSERVAÇÃO

Ao trabalhar com tintas naturais surgem dúvidas quanto à sua durabilidade e conservação. Dependendo da aplicação, ela terá comportamentos diferentes.

Com raras exceções, as tintas vegetais são sensíveis à luz e sempre vão perder um pouco da sua cor. São instáveis, por isso se consegue belíssimas cores de flores e frutos que depois ficam amarronzadas. Portanto, as pinturas feitas com tintas vegetais são frágeis e não devem ficar expostas ao sol. Se não forem tomados os cuidados corretos, pode criar fungos na própria pintura.

Já as tintas de terra não desbotam nunca, mesmo sob um sol forte. Também não apresentam problemas de conservação: nunca criam fungos, nem na pintura, nem na tinta.


Foto: Reprodução

As tintas vegetais de infusão no álcool também podem ser guardadas por tempo indeterminado. Já as cocções (técnica de cozimento da matéria-prima, até que a água adquira sua cor) e liquidificações (bater em liquidificador com água) devem ser descartadas após o uso ou guardadas em geladeira por mais alguns dias. Podem ainda ser congeladas para uma outra ocasião.

Com os tingimentos e a pintura de tecidos, a experiência mostra que as tintas com álcool desbotam menos na lavagem em relação àquelas feitas apenas com água. Já o barbante recebe melhor a tinta do que o tecido e aceita tintas feitas por cocção. De qualquer forma alguns cuidados dever ser tomados: secar a meada/ tecido à sombra e abrindo para arejar. Lavar depois de alguns dias com sal e sabão neutro (de coco).

PRINCIPAIS FONTES DE EXTRAÇÃO
Reflorestamentos de eucaliptos, pinus e outros;
Serrarias, marcenarias e depósitos de madeiras;
Mercados e feira livre;
Sítios, chácaras, parques e beiras de estradas;
Pomares, plantações e hortas;
Lugares onde se vendem ervas e plantas medicinais;
Hortos florestais e jardins botânicos;

CARACTERÍSTICAS DAS TINTAS NATURAIS


As sementes do urucum são utilizadas para produzir a cor laranja
Foto: árticotropical

A natureza oferece matéria-prima abundante para a produção de tintas. Algumas delas estão em nosso jardim (como as flores e a terra) e acabam passando despercebidas. Ou estão na nossa cozinha: beterraba, repolho roxo, chás variados.

Das plantas são obtidos pigmentos de várias partes: raiz, caule, casca, folhas, flores e frutos.

Os pigmentos das flores são luminosos (claros e coloridos), porém muito instáveis e voláteis. Já os da raiz são mais estáveis e duradouros, apesar de menos luminosos. Os corantes do caule e das folhas encontram-se como intermediários entre esses dois extremos. E os pigmentos minerais (as terras e pedras) são os mais duradouros.

As flores, folhas ou raízes podem ser usadas frescas ou secas. Geralmente quando secas possuem a cor mais concentrada. Daí a seguinte equivalência, descrita por Eber Lopes Ferreira em seu livro "Corantes naturais da flora brasileira":
1 kg de flor seca = 3,5 kg de flor fresca
1 kg de folha seca = 2,5 kg de folha fresca
1 kg de raiz seca = 1,5 kg de raiz fresca

O pó de alimentos desidratados e moídos (beterraba, espinafre e açafrão, por exemplo) também podem ser usados na produção de tintas. E as tintas provenientes dos vegetais são líquidas e transparentes. Já as provenientes dos minérios ou pó de alimentos são densas e opacas.

CURIOSIDADE


Foto: sxc.hu

O amarelo indiano tinha um processo de extração curioso. Era feito de urina de vacas que haviam se alimentado apenas com folhas de manga, sem beber água. A essa urina juntava-se um pouco de terra, esta mistura era esquentada e seca para então depois ser dividida em torrões que eram vendidos. A técnica foi considerada penosa para os animais e sua produção foi proibida no início do século XX.

Com informações da Arte Raiz


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