sexta-feira, 20 de julho de 2018

Velho é a mãe!!!!! A Gerontologia explica!

Imagem Pixabay

Pois é, o que é ser velho no mundo de hoje? O que antes era decadência física, invalidez, momento de descanso e quietude, está se tornando um momento de lazer, próprio à realização pessoal daquilo que ficou incompleto na juventude. Claro que não é sempre assim, mas aquele padrão do velhinho alquebrado esperando os dias passarem até a morte chegar, com certeza mudou.

Que bom, porque afinal até 2025 segundo as projeções seremos mais de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Isso sem contar que a proporção de pessoas com mais de 80 anos também apresenta um significativo aumento. O Brasil será a 6ª. população de idosos do mundo.

Na verdade, está surgindo uma nova categoria social, um novo conceito da chamada “3ª. Idade”.

Século XX - século do crescimento demográfico, Século XXI - século do envelhecimento demográfico.

Fato. Apesar disso a sociedade continua com atitudes preconceituosas em relação ao processo de envelhecimento, considerando o idoso quase que um estorvo, um ser dependente e sem valor para uma sociedade produtiva.

É aí que entra a Gerontologia, uma ciência multidimensional que aborda o processo de envelhecimento em suas múltiplas facetas - físicas, biológicas, psíquicas, emocionais, sociais, culturais, ambientais, políticas e econômicas. Multidisciplinar, engloba médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, cuidadores e família, esta última fonte primária de suporte informal ao idoso.

Ela vem meio que na contramão do que se faz no mundo atual, com profissionais cada vez mais especialistas, que não conversam entre si, como se o Ser Humano fosse uma máquina e não uma pessoa a ser estudada, que não pode ser de maneira alguma, fragmentada. O objeto do estudo é pluridimensional e geralmente a visão dos profissionais é unilateral.

Como muitos devem saber eu tenho uma mãe com 88 anos, que sofre de Alzheimer há 4. No processo da doença dela passamos por várias fases, da negação, da pena, da raiva, da revolta, enfim, um turbilhão de sentimentos que acabam gerando isolamento e tristeza não só para o paciente, mas também aos familiares cuidadores.

No meu caso, gerou curiosidade, como dar melhor qualidade de vida a ela, como entender esse novo ser, tão diferente daquela mulher forte e independente que eu conheci como mãe? Por isso dediquei uma boa parte do meu tempo este ano ao estudo da Gerontologia.


Imagem Pixabay

Viver e envelhecer: um desafio fundamental, afinal “o que é ser velho?

É importante saber que existem diferentes fases no envelhecimento, e cada uma delas requer cuidados diferentes. Com a idade chegam as doenças crônicas, (hipertensão, diabetes, artrite, insuficiência renal, osteoporose, demências), afetando as capacidades funcionais da pessoa, criando algum grau de dependência para a realização das atividades diárias.

Mas as doenças crônicas são incapacitantes? Atualmente não, se tratadas se convive bem com elas, mas se fossem evitadas não seria bem melhor?

Idosos não são prioridades para as políticas sociais e econômicas do nosso país e até mesmo as famílias, que sempre se responsabilizaram pelos cuidados, mudaram. A responsabilidade de cuidar cabia à mulher, (esposa, filha, nora, irmã, etc.). Hoje a mulher trabalha fora, tem compromissos profissionais, não quer ou não pode abandonar seu emprego.

Os residenciais para idosos são caríssimos e deixam muito a desejar nos cuidados de seus internos. Experiência própria viu gente? Aparentemente são hotéis especializados, mas continuam com o ranço dos asilos para velhos, pecando no atendimento, na alimentação, na medicação e pior na atenção que cada um deles precisa. Muitas vezes não respeitam a dignidade da pessoa, principalmente os mais dependentes (necessidades fisiológicas básicas, higiene e saúde, abandono, desqualificação de sua personalidade, infantilização, sem direito a ser ouvido ou negação do espaço físico onde se sinta seguro). Teriam a dupla função de complementar ou substituir a família, mas esquecem o sentimento de perda e saudade dos seus espaços familiares, amigos, vizinhos, etc.

Uma nova perspectiva para o envelhecimento passa por novas políticas sociais, pelo entendimento que a Gerontologia nos dá. Prejuízos mentais ou físicos dos idosos podem ter tratamentos médicos adequados ou além da Medicina, superados por políticas e programas de reinserção social do idoso e políticas de educação e sensibilização da sociedade em que vivemos.

E o que a Gerontologia tem a ver com a minha área: alimentação consciente?

Vimos que as doenças crônicas costumam se instalar nessa fase da vida, mas será que os cuidados com a saúde (exercícios e alimentação) não poderiam pelo menos retardá-las?

A Gerontologia promete um novo estilo de vida para a 3ª. Idade, vendo a pessoa como um todo, afinal envelhecer bem depende de vários fatores: bons pensamentos, cuidados físicos, saúde, inclusão social e claro, uma boa alimentação. Tudo parece igual, não é? Afinal isso é importante desde a infância.

Mas no quesito alimentação não podemos enxergar o idoso como um adulto comum. Tudo sofre alterações: o apetite, a dentição, o paladar, as preferências, a visão. Texturas, aromas, temperatura, cores são ferramentas importantíssimas para despertar neles a vontade de se alimentar. O mesmo acontece com a água, o sal, o açúcar, como substituir quando o idoso tem restrições?

Você já pensou que uma toalha florida ou um prato com muitos desenhos pode confundir a visão do idoso, dificultando sua alimentação? Que fazer um idoso se hidratar passa a ser uma missão quase impossível, porque ele não sente sede?

A convivência com pessoas na hora da alimentação, recorda as refeições em família, as brincadeiras e ele se sente acolhido, amado. Nessa idade as pessoas já sofreram perdas importantes (pais, cônjuge, filhos, irmãos) e nem sempre digeriram essas perdas. Como os cuidadores, sejam eles da família ou profissionais devem lidar com isso?

Envelhecer bem depende de nossas adaptações ao longo da vida, a criação de novos hábitos, lazeres, cultivar laços afetivos além da família. O desafio é viver novas aventuras, não perder a alegria pela vida. E a hora de começar é Já!

Nadia Cozzi
Especialista em Consciência Alimentar e Desenvolvimento Humano


Quer saber mais sobre a alimentação dessa 3a. idade tão especial? 
Meu livro Alimentação para Idosos tem dicas bem legais seja para você ou para alguém muito querido que está a seus cuidados.



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